Embora o desenvolvimento de um câncer esteja associado ao envelhecimento, a doença não é exclusiva de pessoas mais velhas.
A cabeleireira Ludmilla Matias, de Maceió, Alagoas, descobriu um tumor na mama direita aos 25 anos e precisou se afastar do trabalho para tratá-lo.
Para ela, foi um choque ter um câncer sendo ainda muito jovem, ainda mais por ela não preencher nenhum dos fatores de risco associados ao câncer. Ludmilla não tinha histórico familiar para a doença, não fumava e nem bebia, e havia amamentado a filha por quase dois anos.
“Quando recebi o diagnóstico, estava no trabalho e vi a palavra ‘carcinoma invasivo’. Nunca senti tanto medo, pois sempre associei o câncer à morte”, relata Ludmilla.
Ela conta que percebeu um nódulo na mama pela primeira vez em fevereiro de 2022, mas o exame de ultrassom não detectou nada e o caroço sumiu. Em agosto daquele mesmo ano, porém, voltou a sentir o incômodo no lado direito e o exame de imagem, desta vez, apontou a presença do tumor na região.
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Câncer de mama é uma doença caracterizada pela multiplicação desordenada de células da mama causando tumor. Apesar de acometer, principalmente, mulheres, a enfermidade também pode ser diagnosticada em homens
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Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente. A maioria dos casos, quando tratados cedo, apresentam bom prognóstico
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Não há uma causa específica para a doença. Contudo, fatores ambientais, genéticos, hormonais e comportamentais podem aumentar o risco de desenvolvimento da enfermidade. Além disso, o risco aumenta com a idade, sendo comum em pessoas com mais de 50 anos
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Apesar de haver chances reais de cura se diagnosticado precocemente, o câncer de mama é desafiador. Muitas vezes, leva a força, os cabelos, os seios, a autoestima e, em alguns casos, a vida. Segundo o Inca, a enfermidade é responsável pelo maior número de óbitos por câncer na população feminina brasileira
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Os principais sinais da doença são o aparecimento de caroços ou nódulos endurecidos e geralmente indolores. Além desses, alteração na característica da pele ou do bico dos seios, saída espontânea de líquido de um dos mamilos, nódulos no pescoço ou na região das axilas e pele da mama vermelha ou parecida com casca de laranja são outros sintomas
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O famoso autoexame é extremamente importante na identificação precoce da doença. No entanto, para fazê-lo corretamente é importante realizar a avaliação em três momentos diferentes: em frente ao espelho, em pé e deitada
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Faça o autoexame. Em frente ao espelho, tire toda a roupa e observe os seios com os braços caídos. Em seguida, levante os braços e verifique as mamas. Por fim, coloque as mãos apoiadas na bacia, fazendo pressão para observar se existe alguma alteração na superfície dos seios
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A palpação de pé deve ser feita durante o banho com o corpo molhado e as mãos ensaboadas. Para isso, levante o braço esquerdo, colocando a mão atrás da cabeça. Em seguida, apalpe cuidadosamente a mama esquerda com a mão direita. Repita os passos no seio direito
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A palpação deve ser feita com os dedos da mão juntos e esticados, em movimentos circulares em toda a mama e de cima para baixo. Depois da palpação, deve-se também pressionar os mamilos suavemente para observar se existe a saída de qualquer líquido
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Por fim, deitada, coloque a mão esquerda na nuca. Em seguida, com a mão direita, apalpe o seio esquerdo verificando toda a região. Esses passos devem ser repetidos no seio direito para terminar a avaliação das duas mamas
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Mulheres após os 20 anos que tenham casos de câncer na família ou com mais de 40 anos sem casos de câncer na família devem realizar o autoexame da mama para prevenir e diagnosticar precocemente a doença
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O autoexame também pode ser feito por homens, que apesar da atipicidade, podem sofrer com esse tipo de câncer, apresentando sintomas semelhantes
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De acordo com especialistas, diante da suspeita da doença, é importante procurar um médico para dar início a exames oficiais, como a mamografia e análises laboratoriais, capazes de apontar a presença da enfermidade
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É importante saber que a presença de pequenos nódulos na mama não indica, necessariamente, que um câncer está se desenvolvendo. No entanto, se esse nódulo for aumentando ao longo do tempo ou se causar outros sintomas, pode indicar malignidade e, por isso, deve ser investigado por um médico
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O tratamento do câncer de mama dependerá da extensão da doença e das características do tumor. Contudo, pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica
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Os resultados, porém, são melhores quando a doença é diagnosticada no início. No caso de ter se espalhado para outros órgãos (metástases), o tratamento buscará prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente
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“Aquela altura o nódulo já estava bem grande e a mastologista afirmou que o formato do meu mamilo estava diferente, como se estivesse invertido. Logo, ela me encaminhou os exames para realizar a mastectomia completa da mama e impedir que o tumor evoluísse. Foi difícil aceitar que precisaria remover todo o seio, perder parte do meu corpo mexeu muito comigo”, afirma a cabeleireira.
Câncer em mulheres jovens
Segundo o oncologista Ricardo Caponero, diretor científico da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), é difícil apontar a causa de qualquer câncer, mas em pessoas jovens como Ludmilla ele pode estar associado a fatores como:
Mutações genéticas;
Sedentarismo;
Tabagismo;
Consumo excessivo de álcool;
Hábitos alimentares inadequados.
“Cerca de 7% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama têm 40 anos ou menos, o que representa aproximadamente 5.040 casos anuais. O número escancara a importância das mulheres reconhecerem os sinais de alerta da doença, como nódulos, endurecimentos, retração do mamilo, secreção mamilar ou presença de linfonodos na região axilar”, afirma Caponero.
Nada se faz sozinha
Após a cirurgia, Ludmilla realizou a quimioterapia e finalizou o tratamento em agosto de 2023. Ela aguarda agora a liberação para realizar fisioterapia e, em seguida, retomar suas atividades. Ela faz questão de contar sua história para conscientizar outras mulheres sobre o câncer de mama.
“Desde o diagnóstico até o último dia de quimio, nada foi fácil, mas tive ajuda. Sei que nada se faz sozinha, tive suporte da minha família. Gostaria muito que as mulheres se cuidassem, assim como acesso mais fácil a exames”, conta a cabeleireira.
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