Brasileiros Sofrem Ataque Xenofóbico em Mar del Plata, Argentina

Por: Jornalista Kelven Andrade

Os brasileiros Diego Campos Batista, de 23 anos, e seu namorado, Paulo Augusto de Souza Silva, de 24 anos, sofreram um ataque xenofóbico na região de Mar del Plata, Argentina, onde residem há mais de um ano. Os jovens, que estudam medicina e são naturais de Unaí, Minas Gerais, estavam saindo de uma barbearia no dia 13 de julho, quando foram abordados por um homem que tentava vender meias.

Após recusarem a compra por falta de dinheiro e também não oferecerem algumas moedas, o agressor começou a insultá-los por serem brasileiros, utilizando termos ofensivos como “brasileiros de merda” e afirmando que deveriam voltar para o seu país. Não satisfeito com os insultos, o homem os seguiu e os atacou fisicamente.

Relato do Ataque

Diego conta que, ao saírem da barbearia e serem seguidos pelo homem, ele começou a xingá-los e a se aproximar cada vez mais. “A gente já tava mais ou menos no meio do quarteirão, caminhando, e ele veio atrás da gente, xingando, falando esse tipo de coisa. Foi chegando cada vez mais perto, até que ele chegou num ponto de vir pra cima da gente. Nós estávamos em dois, e ele estava sozinho. Foi onde teve a primeira briga. A primeira briga foi na calçada, e infelizmente por isso a gente não tem nem imagens de segurança”, relata Diego.

Durante a confusão, a carteira e o celular dos brasileiros caíram no chão, mas o casal conseguiu recuperá-los. Em busca de refúgio, eles entraram em um supermercado próximo, mas o homem continuou a agressão, desta vez utilizando um cabo de vassoura como arma, ferindo Paulo na testa. A situação foi filmada por testemunhas.

Intervenção e Consequências

O ataque só cessou quando um funcionário do supermercado interveio, fazendo com que o agressor fugisse. A polícia e a ambulância, segundo as vítimas, demoraram cerca de meia hora para chegar ao local. O atendimento médico recebido foi considerado péssimo pelo casal. Devido aos ferimentos, Diego e Paulo tiveram que arcar com custos médicos e medicamentos, o que os levou a criar uma vaquinha online para cobrir as despesas.

Inicialmente classificado como agressão leve pela polícia, um médico posteriormente considerou os ferimentos como lesões graves. O casal destaca que o ataque foi claramente motivado por xenofobia, pois o agressor os insultou por sua nacionalidade durante todo o ocorrido. Eles também relataram outros casos de xenofobia que sofreram, além de agressões verbais e ameaças enfrentadas por outros brasileiros na Argentina.

Sensação de Impotência e Apoio Familiar

Após o ataque, Diego e Paulo descreveram a sensação de impotência e a falta de apoio das autoridades locais. Eles enfrentam dificuldades financeiras e a distância da família. “São cinco leões que a gente mata por dia, a vontade que dá é de ir embora, largar tudo e voltar com uma mão na frente e outra atrás. Deixar o sonho, porque a gente se sente muito impotente, a gente se sente muito largado às traças aqui. A gente busca a força dos nossos familiares, graças a Deus, a gente liga pra eles, conversa o máximo que consegue, e isso é o que traz calmaria pro nosso coração”, afirma Diego.

Apesar do trauma, o casal tenta manter a esperança de concluir os estudos e construir um futuro melhor para si e suas famílias. A vaquinha online criada por eles continua recebendo doações e tem sido fundamental para ajudá-los a lidar com as despesas médicas.

VEJA O VÍDEO:

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